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terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Barra do Quaraí e a Síndrome de Estocolmo


Questionava-me muitas vezes desde os tempos de minha adolescência quando participei do Segundo Congresso de Estudantes Secundaristas, realizado em Pelotas, no ano de 1963, por que as classes menos favorecidas tem um amor inexplicável com quem às explora e as mantém na miséria.

Talvez nem Freud explicasse tal e brutal sentimento, e isto não mudou nesses quase 50 anos de tantas idas e vindas, crescimentos e quedas da economia.

Li há alguns anos um artigo no Diário de Canoas com o título Dalits escrito por um advogado local que criticava, durante a presidência de Luís Inácio, que era uma vergonha ver homens vivendo do LIXO. Só que o esperto senhor não viu nas entrelinhas que se alguns estão vivendo do lixo é porque a maioria está produzindo lixo e quanto mais um país produz lixo mais esse país se torna um país consumidor.

Pena que as pessoas, mesmo bem escolarizadas não tenham essa percepção, pois a maioria está aí só para criticar.

Mesmo assim o ranço que nos estamos acostumados a ver não parte apenas desta direita torta, desta direita como costumo dizer, direita “Gardenal”. Parece-me que a sociedade como um todo sofre da Síndrome de Estocolmo, ou seja, um amor inexplicável e doentio de quem sofre intimidação psicológica ou física por tempo prolongado, por seu algoz.


Já naquela época eu notava que o nosso povo era por demais submisso aos interesses da burguesia que desde tempos imemoriais o explora.

Era a negra escrava que tinha um amor muito grande pelos familiares do seu dono, mesmo que esses fossem tão ou piores do que ele.

Eram os trabalhadores famintos que defendiam seu patrões exploradores, talvez por não terem perspectivas.

São alguns funcionários públicos que reelegem o Prefeito dizendo que tem que votar no patrão, pois é ele que paga seu salário. Coisa Muito comum, e que por mais de uma vez eu ouvi de colegas muito menos escolarizados. Não sabe o otário que prefeito não é patrão, é empregado, e quem paga o salário do funcionário público não é o prefeito e sim o cidadão Contribuinte.

Hoje temos uma mídia cafajeste liderada pela Plim-Plim, que leva as massas na direção que quiser levar. Há algum tempo elegeram o Caçador de Marajás, o qual era o maior deles e antes disto apoiaram a Ditadura Militar, alienam o povo com novelas que são sempre a mesma coisa, chatas, indecentes, do ponto de vista ético onde as intrigas, fofocas, maldades, brigas, gritarias e falta de caráter são a tônica e para culminar com a alienação parcial ou quase total do povo estão apresentando um BBB pela décima sexta vez. Inacreditável que as pessoas tenham “M” na cabeça para assistirem um bando de desocupados, promíscuos e sem caráter em constantes atritos e brigas, o que bem mostra como o nosso povo, em sua esmagadora maioria é um povo sem cultura. E não sabem os idiotas que o custo do programa sai de suas ligações telefônicas. Bando de otários sem cérebros que ficam vendo fofoca brigas e alguns menos inteligentes, tarados e bobalhões assistem para ficarem se masturbando com as cenas eróticas de um bando de vagabundos sem caráter.


Mas esse ódio que as elites têm do povo é contrariamente visto pelo povo que morre de amores por esses que ostentam o poder econômico. Só para se ter uma ideia, meu cunhado, já falecido, tinha uma empresa de Representações e entre outras coisas possuía um plantel de entregadores que distribuía em Pelotas, livros, revistas e jornais. Havia entre as revistas uma que só mostrava a opulência dos bem nascidos e ricos, fotografados em mansões e castelos. Pois bem, essa revista tinha sua esmagadora entrega nas vilas miseráveis da cidade. Ou seja, quanto mais pobre e menos cultura mais se submetem aos ricos, ou compravam tal revista para sonharem com o que não tinham e nunca teriam.

Um fato quase similar acontece na Região da Campanha, Fronteira Oeste e Missões, onde nas eleições a maioria dos eleitores, gente pobre ou remediada vota massivamente nos candidatos mais reacionários e ainda justificam dizendo que votaram no estancieiro (fazendeiro) tal ou no seu filho, pois “são gente rica”.

Uruguaiana cidade natal de minha mulher e uma cidade que bem conheço chega ser impressionante a submissão do povo em relação ao estancieiro, morrem em entreveros na defesa de quem nem os conhecem ou os exploram. Vivem fritando esterco para fazerem torresmo, mas defendem com unhas e dentes os poderosos. Não tem onde cair mortos, mas defendem os latifundiários, pior, não pelo que são ou representam, mas pelo sobrenome da família. E como tem gente idiota neste mundo.

Uma exceção notei num município que quase todos os anos tenho por lá passado que é Barra do Quaraí, onde a Frente Popular governa o município, ao contrário da esmagadora maioria dos municípios onde o latifúndio é a tônica e só elegem os reacionários e truculentos para, não só governarem seus municípios como elegem seus representantes para a Assembleia Legislativa e Câmara Federal, alçados ou indicados pelos poderosos.

La Barra do Quaraí é um fato isolado, aonde seus eleitores não sofrem da Síndrome de Estocolmo, por enquanto.

Que lastimas que isto não aconteça nos municípios ao entorno. Aliás, que lástima que isto não aconteça no Brasil inteiro.

Povo pobre, uni-vos contra as hordas de exploradores, mentirosos e reacionários.




čoskoro sa uvidíme, moji priatelia
  





Um comentário:

  1. Olá Lucas.
    Infelizmente o nosso povo não conhece a História, e me refiro da história recente ocorrida Século passado, quando um tresloucado levantou toda a Alemanha numa fúria nunca vista. Era racista, homofóbico e doentiamente religioso, que se auto proclamava instrumento de deus na luta contra os judeus. O que podemos esperar deste nosso povo despolitizado, sem memória e tão facilmente conduzido pelas redes de TV e religiões. verdadeiros "condutopatas".
    Infelizmente a democracia só é "boa" quando a direita raivosa está no poder, caso contrário eles fazem de tudo para derrubá-la.
    Um grande abraço.
    Prof. Pedro.

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