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sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Manhã Inesquecível

No ano de 1984, mês de novembro, amanheceu claro, maravilhoso, prenunciando um belo dia ensolarado. Havia saído para o serviço e os dois filhos Monica e Franco haviam ido para a escola. Estudavam na época na Escola Estadual Fátima, a quatro quarteirões de nossa casa.

Fabinho o menor, de cinco para seis anos ficara em casa com a Mamãe Sandrinha, pois estudava à tarde na mesma escola.

Fabinho sempre foi muito independente, arteiro que vivia sempre esfolado pelas suas traquinagens. Gostava de ficar muito tempo sobre um enorme pinheiro no canto frontal esquerdo do enorme e arborizado pátio todo gramado. Tanto amava aquele pinheiro que logo que foi para a escola, costumava fazer suas tarefas escolares no topo de tal pinheiro, a mais de oito metros. Era nas alturas que ele gostava de fazer suas tarefas escolares e estudar.

Mas nesta manhã, perto do meio-dia, brincava no gramado quando viu uma tropa de oito ou nove cavalos se aproximarem da cerca, o que lhe chamou a atenção. Dirigiu-se resoluto até a cavalhada e impressionado com o tamanhão daqueles animais começou a andar pelo meio deles, sem medo, confiante. Os animais interessados cheiravam o destemido menininho e se juntaram a sua volta.

Fabinho entrou novamente para o pátio e com muito esforço começou a carregar baldes d’água de uma torneira perto do portão para os animais sedentos, mas para ele era um esforço descomunal. Mas deu água a todos os cavalos e éguas que pacificamente aguardavam as idas e vindas do menino macérrimo, mas decidido.

Após saciar a sede daquela tropilha, Fabinho ficou no meio dos animais que o cheiravam vendo que aquele menininho de cabelinhos negros e lisos era pacífico e os cavalos a seu redor juntavam-se cada vez mais e ele passava suas mãozinhas no pelo dos baguais que pacificamente aceitavam aquele carinho.

A sombra do velho pinheiro, sem Fabinho notar, havia estacionado uma caminhonete C-10, e a motorista dela não havia desembarcado assim como seu empregado, que passaram a assistir o desfecho daquele ato.

Quando todos os cavalos, saciados da sede começaram a atravessar a rua para pastar em um grande terreno coberto de capim alto e verde do outro lado da rua, ficando apenas um que era acariciado no focinho por Fábio, pois ele havia permanecido em frente ao portão, embevecido observando aqueles baguais enormes.

Nisto a caminhonete aproximou-se e estacionou em frente a nossa casa e dela desembarcou uma senhora que imediatamente dirigiu-se a Fabinho pedindo para falar com a mãe dele.

Fabinho correu para a cozinha da casa onde Sandrinha dava os últimos retoques no almoço e prontamente, sem entender foi ver do que se tratava.

Ao chegar ao portão cumprimentou a senhora que sorrindo apertou-lhe a mão e disse para Sandrinha que ela trouxesse a maior panela que ela possuía.

Sandrinha sem entender perguntou para quê ela queria tal panela.

A Senhora sorrindo respondeu que queria dar um presente para aquele menininho que a tudo assistia, passando sua mão em sua cabecinha. Na verdade, cabeçona, momento em que passou a relatar a Sandrinha o acontecido.

Sandrinha foi até a despensa e trouxe a maior panela que possuíamos. Uma enorme panela na qual nos invernos eu fazia mocotó ou na época de frutas fazia doces diversos, como o de goiaba, figo, laranja azeda, limão siciliano, banana, uvas e tantas outras frutas que tínhamos no pátio.

A referida senhora pediu a seu empregado que enchesse bem a panela de leite que trazia em tarros na caçamba fechada da caminhonete e disse para Sandrinha que aquele leite havia sido ordenhado naquela manhã e que estava dando de presente para o menininho, pois vira o esforço despendido por ele para dar águas aos cavalos, cavalos de sua propriedade que haviam fugido na madrugada daquele dia de sua chácara e que ao passar por nossa rua viu aquele cena inusitada que tocou seu coração.

Como a panela era muito grande o empregado desta senhora se prontificou a levá-la até a cozinha de nossa casa, depositando sobre a mesa. Sandrinha agradecida voltou com esse senhor até o portão onde se despediu da senhora dona dos cavalos que embarcou em sua caminhonete enquanto seu empregado juntava a cavalhada para levá-los a cabresto.

Um ato de bondade, desinteressado mostrou que podemos sim ser educados e gentis, mesmo com cavalos o que raramente acontece entre  os humanos.

Até hoje é motivo de assunto àquela quantidade imensa de leite, que no outro dia eu transformei em um belíssimo doce de leite que as crianças por dias se deliciaram.

 

 

 

 

4 comentários:

  1. Que bela historia. Que guri humano. É lindo de ver uma criança assim. E todos são puro e sem maldade. Pessoas de bem nascem prontas. Ele lembrou minha infância. Eu tinha um petiço matreiro, para pegar era difícil. Até que descobri que balançar um balde com pregos ele vinha correndo pra comer.hahah
    Que pena Professor Pedro. Mas valeu a intensão, recebi as boas energias.
    obrigada pelo carinho.
    Abraços, tenha um feliz natal.

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    1. Pois é Anajá, foi realmente uma bela história, que ficará sempre marcada em nossas mentes.
      Prazer imenso em tê-la aqui comentando, um boníssimo dia cheio de alegrias.
      Fabinho sempre foi apaixonado por cavalos e todos os três filhos foram criados no meio dos animais. Houve uma época que eles tinham dois cachorros, cinco gatos, um coelho, um cavalo e um gambá, morávamos na época em uma pequena chácara. O gambá que eu ganhei quando o bichinho ainda era bem pequenino e nós criamos o bichinho com leite em um conta-gotas, cresceu e ficou muito meu amigo. Era impressionante. Há uma publicação com o título Gagachopa Guguguéia, do gambá em cima da cabeça de meu filho Franco. Gostei da história do petiço enganado pelos pregos. Tadinho. Quando morávamos no Mato Grosso, hoje Mato Grosso do Sul, dei a meu filho mais velho, quando tinha quase dois anos um veado campeiro, (post publicado com o título de “O Cuca” em 29.03.12.
      Anajá muita saúde e alegria em tua vida, agora agraciada com o nascimento de Bento.
      Um excelente Natal e espero que antes do fim do ano ainda possamos trocar mais alguns comentários, caso não, uma maravilhosa entrada de Ano Novo, com muitas esperanças e paz.
      Recomendações a todos e um grande abraço.

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  2. Olá, Pedrinho, meu querido!

    Espero k todos vocês estejam bem de saúde e com um verão maravilhoso. Aqui, a gente tirita de frio e neve tem sido uma constante no Norte do país.
    Eu estou bem, mas de ar condicionado ligado. O dia está escuro e feio, mas nada posso fazer para mudar a situação e qdo as beatas dizem que "Deus está no comando", eu lamento dizer, mas o Comandante não sabe ou não quer comandar. Bem, não comanda, pke não existe, como é bom de ver.

    Pensei que esse teu post tivesse mais comentários, visto que não é um post político, nem religioso, mas as pessoas andaram mto empenhadas nos festejos do natal, creio, embora dissessem k não e agora a virada.

    Então, tudo se passou em Novembro de 1984. Que linda e valente história! Fabinho sempre foi assim, penso eu. Não teve, não tem e não terá medo de nada, nem de ninguém, ao contrário de Franco, que tem uma personalidade diferente. Que gesto lindo! Dar água aos cavalos, sedentos de sede. Uma criança, que já entendia o valor dos animais. Bem, e por demonstrar essa ingénua, mas lúcida valentia, recebeu não sei qtos litros de leite, que deram para uma série de coisas, entre elas o docinho de leite k tu esmeradamente fizeste para a criançada.

    Continuo de férias até dia 03 de Janeiro, e esse ano k está quase findando, o mesmo não podes dizer do mandato do "coiso" -rs, mas o tempo passa mais rápido do k pensamos.

    Beijos, abraços, balões coloridos, fitas, enfim, alegria nesse terrível fim de ano e que 2021 não seja mais um. Dia 26 foi o dia V em Portugal, dia do início da vacinação. Começaram pelos profissionais de saúde, depois as polícias e forças armadas. Lares, idosos, pessoal que trata dos idosos será a seguir. A vacina consta de 2 doses e a 1ª fase vai até fim de março, se tudo decorrer como até aqui. Eu tenho tanto medo de vacinas, não pela agulha ou pela seringa, coisa nenhuma, mas pelos efeitos colaterais, k me podem causar. Sofro de alergias e intolerâncias desde criança e meu açúcar está um pouco alto. O médico me diz: a diabetes 2 está quase batendo à sua porta, e eu acredito que sim. E não houve/há ninguém diabético na minha pequena família. Há quase 20 anos que luto com esse problema e tenho vencido, pke tenho imenso cuidado com o que como, mas, por vezes, me apetece tanto um docinho.

    BOM ANO NOVO COM NOVA GENTE! SEJAM MTO FELIZES! BEIJOS PARA A ESPECIAL MILENA.

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    1. Olá, Céu, minha amada alentejana. Como li em teu espaço que estarias ausente da Blogosfera e os comentários não estariam abertos silenciei, mas foi muito bom receber teu comentário. Mil beijos. Espero que tudo por aí esteja bem, com muita saúde e disposição para mais um ano enfrentar. Realmente o verão promete ser muito ensolarado e quente, já que praticamente não tivemos aqueles invernos frios com geada ou neve nas regiões mais altas, nem mesmo o Minuano nos assolou. Minuano e um vento muito frio que entra no Rio Grande do Sul vindo da Antártica. Suponho que cada vez menos frio teremos. Preocupa-me muito, pois há um degelo mui grande no Hemisfério Norte como o que está sendo observado no Permafrost tanto no Canadá como e principalmente na Sibéria, o que sobrecarregará a atmosfera de gases prejudiciais. Os cientistas correm, porém não haverá solução. A humanidade, nenhum pouco humana continua a agredir o meio ambiente. Quanto a família todos estão bem, sendo que a Milena já esta falando muitas palavrinha, muito esperta. Ela não anda, corre. O Fabinho sempre foi de peitar situações, era mais metido do que tenente novo, já o Franco, sempre foi o mais amoroso, mais pacato e apesar de ser um lutador de jiu-jítsu, evita qualquer situação embaraçosa, porém o Fabinho não, apesar de ser um pai extremado e amoroso não leva ninguém para compadre, afinal comanda dezenas de homens e muitas vezes tem que ser extremamente enérgico. Fabinho sempre adorou cavalos e quando menino ficava encantado em chegar perto de um flete (cavalo). Parabenizo ao povo português que receberá a vacina, por aqui ainda não há uma definição, pois o demente e ignorante Capitão a frente do Governo ainda insiste que isto é uma gripezinha. O doente ainda não se decidiu e só aparece para dizer bobagens, apesar de agora estar lendo seus pronunciamentos escritos por algum General, pois ele só diz bobagens. Em alguns Estados, seus governadores enfrentaram o Bozo, coiso burro e estão prontos para iniciarem a vacinação, porém o maldito quer a todo custo adiar o máximo possível a vacinação. Chegou a dizer, o idiota, que quem tomasse a vacina viraria um jacaré. IMBECIL Enquanto que Argentina, Uruguai e Venezuela já começaram a vacinação.
      A Argentina fechou a extensa fronteira com o Brasil.
      A Sandrinha enfrenta a Diabetes 2 e mantém sob rigoroso controle e também não há nenhum caso na família.
      Tenho alguns comentários, sendo que o João de Aveiro é um assíduo comentador, porém muitos sumiram, pois eu não perdoo ninguém na questão religiosa. Muitos se afastaram. E Eu? Eu não estou nem aí. Muitos comentários por serem pobres e ridículos nem os publico. Ignoro-os.
      Querida amiga, que tenhas um belo ano de 2021, com muita saúde e alegria. Beijos. Milena receberá o teu beijo.

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