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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

A Justiça Vem a Galope.




A história que passo a relatar, por questões óbvias, os nomes que usarei são fictícios, pois envolvem pessoas e pessoas.


Certa manhã Laurinha precisava sair para ir à manicure, tinha horário marcado às nove horas e deixou seu filho Paulinho, de pouco mais de três anos em companhia do pai, João Luís e da empregada, conhecida como Dadá, pois Paulinho, desde que começou a falar não conseguia chamá-la pelo nome, Leonarda. 


Leonarda, de seus dezoito ou dezenove anos, fora para essa casa logo que nascera Paulinho, para de início servir de babá, mas com o tempo e o carinho dispensado ao menino foi ficando. Era uma linda moça, que apesar de ter os cabelos negros, tinha olhos na cor azul, quase cinza claro e um belo corpo. 

Corpaço.

Laurinha saiu às oito e meia, entrou em seu fusquinha azul e foi rua a fora fazer suas mãos e pés, pois no dia seguinte havia marcado com a inseparável amiga Clarinha de irem ao teatro assistirem a um show internacional, juntamente com seus maridos, João Luís e José, amigos de longa data.


Paulinho foi deixado pelo pai, no pátio, brincando à sobra de uma árvore e sumiu dentro de sua casa.


Lá pelas tantas, Paulinho adentrou a casa e viu algo estranho na cozinha, olhou um pouco e sem entender e sem ser notado foi para o banheiro fazer pipi.


Às onze horas Laurinha chegou apressada, pois o marido João Luís tinha a que almoçar e ir para o trabalho, já que trabalhava das 13 às 20 horas.


Quando João Luís saiu para o trabalho e os afazeres da cozinha estavam prontos, Laurinha disse à Dadá, que ela poderia descansar, pois iria deitar com o filho Paulinho, para que ele dormisse um pouco.

Levou o menino para o seu quarto e ali deitou em sua cama e pediu ao filho que deitasse a seu lado para descansar, naquela tarde linda e primaveril.


O menino Paulinho subiu na cama e em pé, sobre o colchão coberto com uma linda colcha de crochê, amarela, feita por sua avó materna, à sua adorável e honesta mãe disse: 

- Mamãe, hoje quando eu fui fazer pipi, vi a Dadá sentada em cima da mesa da cozinha e o papai levantou a saia dela e entrou entre suas pernas e começou a fazer assim. E em pé sobre a cama começou a movimentar os quadris para frente e para trás, num movimento rápido e constante.

Laurinha quase infartada mandou que Paulinho parasse de fazer aquilo e não falasse para ninguém.

                                         Desenho rápido - Prof. Pedro


Levantou-se, deixando o menino recostado a um travesseiro e com um pensamento de vingança. Furiosa. Babando de raiva, foi ao telefone e fez uma ligação para a casa de seus pais, Senhor Ataíde e Dona Micaela, dizendo que era para eles estarem às vinte horas em sua casa, pois havia um assunto muito sério para tratar e não poderia ser adiado. Combinado assim ficou.


Imediatamente, louca e raivosa e com um ódio que corroía sua mente, pois não toleraria aquela traição, ligou para a casa dos sogros, Senhor Paulo, donde viera o nome do neto e Dona Gertrudes, pais de João Luís e fez o mesmo convite, quase que impositivamente e pediu pontualidade, os quais confirmaram que estariam em sua casa, também às vinte horas.


Não contente, pois a voraz vontade de vingança a deixara louca ligou para os padrinhos de Paulinho, Clarinha e José, que eram muito amigos e com eles viviam se encontrando, visitando e até viajando juntos para praias no litoral ou um passeio esporádico. Esses tiveram que desmarcar um compromisso para atender ao convite da amada comadre, que quase implorou para eles estarem também às vinte horas em sua casa. Pon-tu-al-men-te.


Sua cabeça fervilhava de ódio. O ódio era tanto que resolveu ligar também para o pároco, o Padre Jorge, conselheiro e amigo, que havia celebrado o seu casamento e o batizado de Paulinho. Lembrando ao velho Padre que o mesmo deveria estar em sua casa naquele mesmo horário estabelecido com os demais. O alquebrado Padre, apesar de estar com uma forte gripe, confirmou a presença.


João Luís sempre chegava do trabalho às 20,30 horas e naquele dia quando entrou viu todos sentados à sala e não sabia qual era o motivo, nem tampouco os convidados sabiam o que se trataria em tão importante reunião familiar.


Após este ter cumprimentar a todos, Laurinha pediu para ele sentar em uma cadeira, já colocada estrategicamente por ela em frente aos convidados e imediatamente chamou Dadá, que veio também sem entender o porquê estava sendo convocada para àquela reunião familiar e em pé ficou perto da porta do corredor.


Laurinha, mostrando nervosismo, afastou a mesinha de centro, chamou seu filho Paulinho que brincava em um canto daquela sala com seus caminhõezinhos e colocou o menino no meio daquela roda de pessoas amigas, honestas e que tanto a admiravam, voltando para sua poltrona, sentou-se curvada para frente, com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos trançando os dedos, em visível transtorno, pedindo ao filho que relatasse o que vira naquela manhã. 

             
Pulinho, inocente e titubeante começou a relatar com suas palavras infantis, entre as pessoas em completo silêncio e redobrada atenção:

- Hoje eu vi a Dadá sentada na mesa da cozinha e o papai levantou a saia dela, entrou entre suas pernas e começou a fazer assim – Repetindo aquele movimento – E concluiu:

- Igualzinho ao que o dentista faz na mamãe quando ela vai lá arrumar os dentes.



Obs: O desenho em paint é também de minha autoria.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Motel



Em boca fechada não entra mosca.

No início dos anos setenta ganhou as folhas dos jornais de Porto Alegre uma notícia à meia-boca, inclusive sendo matéria de uma revista do centro do país, envolvendo um sério cidadão muito honesto e um jovem casal.

Certa noite, após as 21 horas, esse honestíssimo cidadão deixava um MOTEL da cidade, com sua “namorada” e após mais de duas horas de intenso rala e rola, ao manobrar seu automóvel, ainda lerdo pelo brilhante desempenho, acidentalmente bateu com seu para-choque traseiro em outro automóvel no pátio do referido motel, danificando a porta dianteira direita.

Viu o estrago que causara e por ser um homem correto, resolveu assumir o seu erro. Desceu de seu carro, constatou o estrago que fizera, anotou em um papel a placa desse carro e como não tinha como identificar o dono que também, aproveitava àquela noite para em companhia de alguém, passar algum tempo deliciando-se naquele local e por ser, como disse acima, honestíssimo, deixou seu cartão de visitas preso ao limpador de para-brisa. Assim o proprietário do carro ocasionalmente abalroado, teria como identificá-lo para que ele arcasse com as despesas de chapeação (funilaria) e pintura. 

Passado mais de uma semana e nada do outro motorista ligar, para acertarem as despesas.

Um dia, ao cair da noite, esse honesto cidadão fora a um supermercado recém-inaugurado no bairro Menino Deus e quando entrava com seu automóvel no estacionamento daquele estabelecimento viu por ele ultrapassar um automóvel que lhe chamou a atenção, pois estava ainda com a porta amassada e que estacionou em uma vaga nesse mesmo comércio. Conferiu a placa que trazia naquele papel, dobradinho em sua carteira e confirmou tratar-se do mesmo carro.


Estacionou o seu bem próximo, quando viu sair daquele carro um jovem casal e o seguiu para dentro do estabelecimento. Porém como falar com o proprietário, já que este estava acompanhado de sua esposa, e que imediatamente começaram a fazer suas compras e encher um carrinho.

Andou e andou, seguindo o casal até que a esposa, deixando o marido sozinho, indo a outro corredor pegar alguns itens, o cidadão honesto aproveitou aquele momento a ele se dirigiu.

- Boa noite senhor!

O cidadão em questão lhe cumprimentou, sem saber quem era aquele simpático homem, o qual não se fez esperar e disse:

- Perdão caro senhor, mas há mais de uma semana estou esperando um telefonema seu, pois fui eu quem, inadvertidamente bati em seu carro e vi quando o senhor chegou que continua com a porta amassada e eu quero recompensá-lo pelo estrago que fiz.

O cidadão sem muito entender aquela bizarra situação perguntou:

- Mas em que rua o senhor bateu em meu carro?

O honesto cidadão, meio sem jeito e com um sorriso maroto disse sem pestanejar:

- Foi na noite de sábado retrasado. – E com um sorrisinho encabulado completou. – Foi lá no estacionamento do motel “tal”. O senhor sabe não é? De vez em quando precisamos destes momentos maravilhosos.


O cidadão dono do carro acidentado fechou o cenho quando sua esposa aproximava-se, nada disse e olhando sério esperou a esposa chegar e inesperadamente, com ódio e brutalidade desferiu um potente soco em seu rosto o que fez com que sua esposa caísse ao chão.

Corre-corre, aglomeração, seguranças e até a polícia foi acionada e o casal assim como o senhor honestíssimo foram levados a uma delegacia para prestarem depoimentos, resultando na separação do jovem casal.
Muitas vezes devemos permanecer com nossa boca fechada para não entrar mosca ou não saírem palavras que possam magoar, ofender ou como no caso acabar com um casamento.

Qual teria sido a explicação da esposa sobre o acidente?

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Loucos Somos Nós.




O que é loucura?

Simples. É só procurar no Google, mas se tiveres real interesse leia um dos milhares de vade-mécuns de psiquiatria, aí verás que os verdadeiros loucos são aqueles que nos parecem normais. 


Porém, esta sociedade hipócrita e louca cria estereótipos para rotular de louco um sujeito normal, muitas vezes por não se enquadrar nesta hipocrisia.




Ainda no Segundo Império do Brasil, mais exatamente em 13 de maio de 1874, fora inaugurado em Porto Alegre (RS) o conhecido e enorme Hospital Psiquiátrico São Pedro, o conhecido Hospício São Pedro. Hoje tombado pelo Estado e Município como Patrimônio Público.


Verdadeiro depósito de homens e mulheres com problemas mentais. Fez-me lembrar do livro “O Alienista” de Machado de Assis, na verdade um hilário conto sobre um médico conhecido como Doutor Bacamarte.


Quando no ano de 1971, papai comprou uma bela casa no hoje, Jardim do Salso, belo bairro de Porto Alegre, com casas maravilhosas e até mansões, perto de tal hospício, jamais imaginara que uma cena triste e dramática aconteceria e o comoveria pelo resto da vida.


Era esta casa de muros baixinhos, cujos portões estavam sempre abertos, pois era uma época tranquila e pacífica, que com o tempo foram esses muros substituídos por grades altas e na lateral da casa que fica, pois ainda existe na esquina das Ruas Graciliano Ramos com a Abílio Azambuja um enorme muro papai mandou erguer.



Porém nesse tempo de muros baixos e portões abertos, seu acesso era mui facilitado.


Certa manhã mamãe estava na cozinha, cuja porta de saída  era na lateral da casa, tranquila como água de poço, preparava o almoço, com aquela porta aberta.


Num momento viu que alguém havia chegado à porta e nela permanecera parado.


Tranquilamente olhou e se deparou com um interno desse hospício, de uns 35 anos de idade, parado à porta olhando para o que ela estava fazendo.


Notou tratar-se de um interno do Hospício São Pedro pelo seu uniforme e estampado em seu rosto a sua doença mental que o corroía.


Calmamente aproximou-se da porta do corredor e baixinho chamou papai, que estava em um dos quartos no fundo da casa.


Papai era um índio mais desconfiado que sorro em noite escura e andava sempre armado. Porém, de sangue doce, não pegou sua arma e veio cantarolando atender o chamado de mamãe, achando que o almoço já estava servido.


Ao chegar à porta interna da cozinha, viu à porta que saía para o pátio o pobre e desequilibrado “ser humano”, e de imediato compreendeu o porquê mamãe o havia chamado daquela maneira calma, quase sussurrando.



Como papai havia há poucos anos se aposentado do Exército e homem que convivera em tropa por mais de 25 anos, sabia bem como tratar daquela situação. Aproximou-se calmamente do “louco”, sabendo que muitos são extremamente agressivos e violentos e com calma colocou sua mão direita no ombro do infeliz e perguntou com carinho:

- Meu filho, o que tu queres?


Para sua surpresa e dor no coração o infeliz homem olhou em seus olhos e quase chorando disse:

- Papai! Papai! Tu estás aqui? Que bom!

Meu pai com o coração apertado, emocionado e com muita dó, abraçou carinhosamente o pobre demente e fê-lo sentar em uma cadeira que pedira para mamãe trazer.


O pobre homem sentou-se ao lado da casa e com os olhos cheios de lágrimas continuava a repetir:

- Papai! Papai!

Uma dor profunda tomou conta de meus pais e mamãe apressou-se em servir um prato de boa comida e sob os olhares ternos de meu pai o pobre homem comeu, (obviamente com uma colher).


Após ter almoçado, papai convenceu aquele pobre cidadão, a voltar para o Hospício, no que foi prontamente atendido. E se foi o infeliz pela Graciliano Ramos a baixo, e a cada três ou quatro passos olhava para trás e repetia:

- Papai! Papai!



Sempre que meu pai contava esta história, seus verdes olhos enchiam-se de lágrimas e uma emoção muito grande tomava conta de seu coração. 


O louco, pobre e infeliz, provavelmente abandonado pela própria família, num momento ímpar teve pelo menos aquela alegria de encontrar o seu, talvez, imaginário Papai.




sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Cerrado



             Ipês amarelos, o charme do Cerrado.

Pegando um gancho do belo blogue “Casa de Madeira” da amiga Janicce, e por ter morado por alguns anos nesse bioma brasileiro por excelência, vamos ao Cerrado.

             Assim era há 200 milhões de anos.

O Cerrado é um bioma semelhante à savana africana, lembrando que há 200 milhões de anos a América do Sul, não nas conformações que tem hoje, fazia parte de um imenso continente juntamente com a África, Austrália, Antártida e outras porções, que os cientistas deram o nome de Gondwana ou Gonduana, que pelos estudos efetuados em 1911 por Alfred Wegener (1880-1930) se separaram no que ele chamou de Deriva Continental. E continuam a navegar esses continentes sobre o manto terrestre, afastando-se um do outro a razão de um centímetro por ano. O mesmo acontece com as Placas da América do Norte, Eurásia e outras.

Muitos por não terem esse conhecimento científico atribuem que tudo foi feito pela “mão” de um ser mitológico, porém tudo que temos nada mais são que coisas maravilhosas feitas pela própria natureza, quer sejam por terríveis acidentes naturais, como os vulcões, que formam muitas vezes ilhas que com o passar do tempo vão sendo esculpidas pelas marés, chuvas, ventos, abrasão solar ou  frio intenso e com o tempo e a ajuda inestimável de aves e dos ventos, tem suas terras novas cobertas de sementes que formarão novas vegetações e florestas.

             A placa de Nazca mergulha sob a América do Sul.

Esta deriva continental levou a América do Sul ao encontro da placa Nazca, a oeste e que compõe parte do fundo do Oceano Pacífico e está em um movimento chamado de subducção ou depressão tectônica. Ao mesmo tempo em que ela trava a América do Sul a vai erguendo, fazendo com que os Andes a cada ano fiquem mais altos e mergulha sob este aumentando a pressão interna do nosso planeta, o que ocasiona em outras regiões, não só seus movimentos de deriva, como eleva essa pressão e faz com que o magma procure um lugar de escape, muitas vezes levando as erupções vulcânicas. Isto não só acontece com Nazca, pois em outras áreas esse fenômeno também ocorre.


No conhecido “S” Atlântico ergue-se no fundo do oceano uma imensa cadeia de montanhas, cujos cumes de seus mais altos picos já afloram, formando algumas ilhas e é neste local que a pressão interna faz com que os continentes africano e sul-americano se distanciem.

          

O Cerrado, remanescente das antigas florestas de Gondwana se espraia pelo Brasil Central, sendo parte das três maiores bacias hidrográficas sul-americanas, a Bacia do Rio São Francisco, o maior rio totalmente brasileiro, bacia do Prata, pois tanto o Rio Paraguai como o Paraná nascem nesse bioma especial em terras brasileiras e a bacia do Tocantins/Araguaia, sabendo que muitos rios do Cerrado confluem para a maior bacia hidrográfica do mundo, a bacia do gigantesco Amazonas, que despeja no oceano mais água que todos os rios europeus juntos.


Este portentoso rio nasce na confluência dos Rios Solimões e Negro, aonde vamos encontrar a belíssima cidade de Manaus e não é como afirmam ser o mais extenso rio do mundo. O Amazonas conta aproximadamente com 1600 km. Erradamente usa-se incluir outros rios, tanto o Solimões, no Brasil, como outros no Peru para alcançar os 7000 km alardeados, pois suas nascentes estão localizadas nos Andes.

Perdoem-me colegas da Geografia, mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.


Quando fui morar no hoje Mato Grosso do Sul, viajava dias inteiros por estradas ainda de terra pelo meio deste bioma, que leva esse nome por ser entremeado de matas abertas, campos e matas fechadas. Por possuir grandes extensões de matarias fechadas e escuras tomou o nome de Cerrado. (Fechado).


             Lavouras entre o Cerrado.



Obviamente desde aquela época em que lá morei, o bicho homem derrubou a maior parte do Cerrado para dar lugar a extensas lavouras de arroz, milho, sorgo, algodão, cana-de-açúcar, café e criação de gado, lembrando que está no Cerrado a maior produção de soja, o carro chefe da agricultura.

             Queimada não natural provocada pelo homem.



Porém trata-se de um bioma sensível e o homem para produzir mais, levou a matança de milhões de animais. Certa feita, perto de Capim Branco (MT), parei o carro no acostamento da estrada Dourados/Cuiabá que já era pavimentada e com dor no coração e até lágrimas nos olhos fiquei por mais de meia hora assistindo o drama de dezenas de milhares de pássaros que em época de nidificação voavam rasantes sobre os campos em chamas na tentativa infrutífera de salvar seus ninhos e filhotes que eram consumidos pelo fogo que algum imediatista ateou para limpar suas terras. Na verdade a terra não deveria ter dono, pois ela é um bem da humanidade, nenhum pouco humana. Grandes bandos de capivaras que costumava ver naqueles campos hoje não mais existem, assim como, tatus, lobos-guarás, seriemas, onças, suçuaranas, veados-mateiros, cachorros-do-mato, cervos, tamanduás-mirim, cachorros-vinagre, lontras, tamanduás-bandeira, macacos-prego, quatis, catetos, queixadas, porcos-espinho, entre milhares de outros e as emas (Rhea Americana) que não deve ser confundida com avestruz, já que este é natural da África, nem tampouco com o ñandu-de-darwin ou Rhea Pennata, que ocorre do Peru à Argentina em altitudes de 3500 a 4500 metros, em áreas semiáridas.



                Ema - Rhea Americana        Avestruz - Struthio Camelus



Hoje esses animais estão sendo confinados no Pantanal, porém se não houver uma drástica mudança no comportamento humano esse poderá se tornar em um deserto, pois muitos rios que para lá correm estão sendo assoreados devido à intensa agricultura, como aconteceu com o Rio Taquari (MS), não confundir com o Taquari (RS), que teve suas matas ciliares destruídas, hoje praticamente inexistente, sendo que foi um dos rios mais piscosos do mundo.

               Ñandu-de-darwin - Rhea Pennata.(não ocorre no Cerrado)



Fiquei realmente desolado com o que vi em minha última viagem ao Centro-Oeste, um vazio bucólico. Um vazio de doer o coração.




Isto se chama capitalismo, ou seja, o lucro em cima dos animais e vegetais e também do próprio homem, vilmente explorado e despojado de seus bens naturais que irão enriquecer ainda mais os reacionários latifundiários e outros desse tipo. Infelizmente, há quatro anos, conversando com um desses latifundiários do Centro-Oeste ouvi a barbárie de que: “Ainda vou ver o Parque Nacional das Emas transformado em lavouras”, pois esta é a minha vontade e para quê manter aquela “porcaria”. - Disse ele, do alto de sua arrogância, ignorância e perversidade bem típica deste tipo de gente.

       Fruto da lobeira - Sem ela o Guará morre, sem ele, ela não germina.



O bioma Cerrado, assim como em outros biomas, há um entrelaçamento perfeito, que a natureza por milhões de anos dotou os animais e vegetais para que vivam em associação, onde na falta de um os outros poderão desaparecer.

            Lobo-guará. Lindo animal e quase extinto.


O grande exemplo é o lobo-guará (Chrysocion brachyurus), pois as sementes da Lobeira (Solanum lycocarpum), para germinarem, precisam passar pelo trato digestivo desse lobo, e essas frutas servem de excelente remédio ao lobo, pois combatem vermes que se alojam em seus rins. O lobo-guará é  lindo e arredio, que leva uma vida solitária, sestroso e mui desconfiado, assim como as aves e outros animais que espargem as sementes de onde surgirão novas árvores, que sem esses animais seria impossível de acontecer.




O Cerrado ocorre nos Estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Piauí, Rondônia, São Paulo, Tocantins e no Distrito Federal. Ocorrem em tufos, pois a maior parte já foi destruída a exemplo da Mata Atlântica que resta hoje apenas 5% do que era na época do descobrimento.

               Tamanduá-bandeira, em extinção..


Em 1981, viajando pela região das Gerais, no Oeste da Bahia, já começava a ver a destruição deste bioma para o plantio de arroz e soja, hoje, talvez esteja com seus dias contados ou já desaparecido em grandes extensões.

                 Assim se destrói o Cerrado, uma enorme corrente de 50
             a 60 metros puxadas por dois enormes tratores vai destruindo
                        o que a natureza levou milhões de anos para fazer.


Um dos mais encantadores biomas está sendo levado a extinção, assim como em longo prazo a Amazônia será riscada do mapa, como ocorreu no norte do Mato Grosso e atualmente no Pará.

                Flores do Cerrado.


Muitos não creem nas mudanças climáticas, que ocasionam o chamado aquecimento global, porém isto é palpável, estamos entrando em uma rota de colisão e quem viver verá.

Lembrando também que com a extinção dos lobos em Yellowstone, ocorrido há mais de quarenta anos, as matas começaram a desaparecer, rios foram assoreados e os rebanhos de alces e bisões passaram a aumentar desproporcionalmente o que levou o homem a reintroduzir os lobos nesse ecossistema. Mas isto é para outro post.



É tão fabulosa essa interação que tempestades no Deserto do Saara, do outro lado do Oceano Atlântico, faz com que os ventos carreguem toneladas de poeira do deserto que caem sobre a Floresta Amazônica, fertilizando-a.
 

Fui! 

Tapado de aflições, pois a humanidade está cavando sua própria cova.


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