Conta la lenda gaudéria que
um Estancieiro lá para os lados da Fronteira, regalou a um xiruzito, seu
empleado, unas botas velhas já carcomidas pelo tempo, simples, lisas de couro
judiado sem cor, já meio russilhonas.
Oigalê porqueira, el xiru
ficou mais faceiro do que guria de vestido novo, mesmo sendo uns farrapos de
botas.
Pela primeira vez tinha unas
botas de verdade e não mais usaria las velhas e surradas alpargatas nem tampouco las gastas botas de garrão de potro, amarradas abaixo dos joelhos por piolas de
lonca crua.
Mas bá! O Xirulito saiu
feliz da vida e foi num vu calçar las botas que o patrão havia lhe regalado.
Ficaram meio grandes, mas não importava, el xiru estava faceiro barbaridade.
Feliz da vida vivia com
aquelas botas nos pés, que para conservá-las, todas las semanas, antes de ir
para um surunguito de campanha, dançar unas vaneras com las pingunchitas,
encharcava las ditas botas com sebo de ovelha que las tornavam mais macias e
conservava o couro já gasto.
E de tanto andar com aquelas
botas sua sola foi desgastando e os pés das botas também. Eram uns frangalhos
de tanto trupicar na gaiarama em volta da estância.
Andavam mais raladas do que
joelhos de piá que está aprendendo a montar em bicicleta.
O xiruzito foi com o tempo
guardando unas platas e quando tinha o suficiente foi até um bom sapateiro e
mandou trocar os pés das botas, pois os canos estavam bons ainda e poderiam ser
reaproveitados.
E prá já o serviço foi
feito, e em menos de sete dias depois o xiru estava denovamente com as botas
que lhe haviam sido regaladas pelo patrão.
Mas agora com outros pés, todos decorados e bonitos, mas de cor preta, que lhes custaram os olhos da cara, mas os pés velhos das botas o sapateiro jogou no lixo.
Mas agora com outros pés, todos decorados e bonitos, mas de cor preta, que lhes custaram os olhos da cara, mas os pés velhos das botas o sapateiro jogou no lixo.
E el tempo foi passando e el patrão em viagens pelo estrangeiro não aparecia na fazendo que ficara aos
cuidados de um bom capataz. Um índio velho lá das cercanias de Boçoroca.
Mas el xiruzito não largava
das botas que de tanto serem judiadas no serviço o couro dos canos foram se rasgando
nos arames farpados das cercar que fazia em volta da estância e em alguns meses
eram frangalhos.
Denovamente el xiruzinho
procurou el bom e amigo sapateiro e mandou trocar os canos das botas. E lá se
foram mais unas platas como pagamento, que não foram poucas. Mas com novos
canos todos decorados com fivelas e tiras. Coisa de fazer inveja, mas agora com
os canos pretos as botas ficaram mais bonitas do que bolo de casamento e os canos velhos foram também jogados no lixo pelo sapateiro.
Entonces el xiru havia, não
somente trocado os pés das botas como havia trocado os canos também. E las botas
estavam novinhas em folha.
E até de cor diferente. Pretas
reluzentes.
Um dia correu a notícia que
o patrão estava por chegar a fazenda.
Então o vivente correu até um bolicho de campanha e comprou una lata de pomada preta para sapatos e engraxou bem aquelas, agora novas botas.
Então o vivente correu até um bolicho de campanha e comprou una lata de pomada preta para sapatos e engraxou bem aquelas, agora novas botas.
Oigalê!
Brilhava mais do que la Boieira na madrugada.
Brilhava mais do que la Boieira na madrugada.
De pronto chegou o patrão e
cumprimentou a todos os empleados, que em um círculo aguardavam a chegada do
estancieiro.
Ao se aproximar do xiruzito
o patrão viu aquelas botas novas, bonitas e mais engraxadas do que bigode de
gaudério em festa de igreja e disse:
- Oh xiru. Andastes
comprando unas botas novas.
E el chiruzito de chapéu de beijar santo em parede e lenço maragato, abriu um largo sorriso e respondeu:
- Não patrão! Essas botas são
aquelas que o senhor me deu!
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