PS

PS

SEGUIDORES

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Exemplo para toda vida.

 

Morava eu no início dos anos 60 na cidade de General Câmara, bela cidadezinha que por muitas décadas foi conhecida como Margem, pois  se localiza às margens do Rio Taquari, infelizmente hoje muitas casa pertencentes a União estão abandonadas, verdadeira taperas, ruínas e abandono, mas a cidade ainda resiste ao tempo.

Estudava no Ginásio Estadual Vasconcelos Jardim, cujo diretor era o inflexível, educado e até risonho Professor Karel Ortz, que acumulava também as funções de Professor de Francês e de Latim. A garotada apelidara-o de Feio ou Genitivo. Genitivo é uma das sete declinações do Latim, nominativo , vocativo , acusativo , genitivo , dativo , ablativo e locativo.

O Professor de Matemática era o sério e competente Professo José Diniz, excelente mestre, muito respeitado pelos alunos e colegas professores, pois pouco sorria, era firme e disciplinador. Certa vez mandou um aluno buscar sua caneta tinteiro que o mesmo havia deixado na Sala dos Professores, e esse aluno abriu a caneta e viu uma gravação por baixo da tampa. Uma gravação de fábrica cujo desenho era uma cobra. Imediatamente contou para todos sobre a tal gravação e o  Professor passou a ser chamado pelos alunos, escondidamente de COBRINHA. Não poderia ele saber, pois cabeças rolariam. Grande, educadíssimo e saudoso Professor, um exemplo de seriedade e honradez.

Certa manhã após sua aula avisou aos alunos da 2ª Série Ginasial que na segunda-feira haveria uma prova e que ninguém faltasse e que aproveitassem o fim de semana para estudar. Tremedeira geral.

Naquela época os horários eram seguidos à risca. Às oito horas da manhã, com sol ou chuva os portões da Escola eram fechados e o Guarda era um homem bom, mas muito sério quanto ao seu serviço, não lembro se se chamava Olavo ou Artur, as oito fechava rigorosamente o portão e não adiantava alunos correrem para entrar. Era fechado e fim.

Estudei no sábado e parte de domingo para aquela assustadora prova e na manhã de segunda-feira saí às pressas de casa rumo ao Colégio.

Porém ao dobrar a esquina da Pracinha em frente ao Colégio, que nós conhecíamos como a esquina da Luísa, pois nessa esquina ficava a casa da Colega Luísa vi o Guarda fechando o portão. Pânico. Corri mas nada adiantou. FECHADO.

Voltei para casa com um ZERO na cabeça.

Na Manhã seguinte, como sempre todos os alunos do Colégio em forma esperando em suas respectivas Séries o momento que cada uma, de forma ordeira, fossem liberados para entrarem às salas de aula, o Auxiliar de Disciplina chamou 4 alunos de minha turma dizendo que esses deveriam ir direto para a Secretaria. Eram eles: Wilma, Ênio, Nicolau e Eu.

Lá fomos nós diretos para a secretaria, pois os quatro haviam faltado à prova de matemática.

Lembrando aqui que na sexta-feira o Diretor Karel Ortz havia viajado para Porto Alegre e passado a Direção do Colégio ao duro Professor de Matemática José Diniz, que recebeu os quatro faltantes na Diretoria.

Sua mesa estrategicamente ficava sobre um estrado de madeira lustrada, que para alcança-la havia três degraus e ali superior aos alunos ele ficava, e um a um foram sendo indagados pelo duro professor.

Notei que havia quatro classes (mesas) em frente a escrivaninha do Diretor.

A primeira foi por deferência, a Wilma, a quem perguntou.

- Wilma, qual foi o motivo de sua falta à prova de ontem.

Wilma, era uma moça de seus 15 anos, foi logo dando uma resposta longa sobre a lancha que atravessava o rio, já que a mesmo morava em São Jerônimo, outra cidade e diariamente fazia aquela viagem pelo Rio Taquari.

O segundo foi o Ênio, Ênio Bigode, que morava bem perto do Colégio que foi logo dando uma explicação longa que envolveu vários motivos.

O terceiro foi Nicolau e esse disse ao professor/diretor que aquela noite sua mãe passou mal e que ele teve que sair para ir a uma farmácia e que blá, blá, blá.

Jose Diniz apenas ouviu sério sem nada até agora dizer.

A cada resposta eu observava a expresão do atilado professor.

Finalmente chegou a minha vez:

- Pedro, por que faltasse a prova de ontem?

E eu sem titubear fui logo dizendo:

- Professor! Dormi demais e me atrasei.

O Professor a todos olhou com a expressão carregada, levemente balançou a cabeça e sentenciou, apontando com o dedo indicador direito em riste para uma das classes:

- Pedro, sente ali naquela classe e vais fazer a prova agora, os outros três podem voltar para sala de aula e a nota da prova sera ZERO.

Hoje, passados quase setenta anos está vivo em minha memória aquele momento que me serviu para todo vida.

FALE SEMPRE A VERDADE.

Nenhum comentário:

Postar um comentário