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domingo, 25 de novembro de 2018

A Professora.




Em decorrência de uma resposta a um comentário feito pela amiga de Blogosfera, Anajá Schmitz, do belo blogue Minha Vida de Campo, comentários esses sempre bem-vindos e atenciosos, com tanta educação e carinho, que passo, então a relatar um fato especial que comigo aconteceu, lembrando agora que foi em 1978. 
 

Havia voltado do Mato Grosso do Sul onde morei por algum tempo e em uma manhã estava em frente à extinta CEE – Caixa Econômica Estadual, na Avenida Júlio de Castilhos em Porto Alegre.


Aguardava a abertura desse Banco, pois precisava sacar um dinheiro, lembrando que o horário de atendimento, naquela época dava-se a partir das nove horas, e não como hoje, que os bancos abrem somente às 11h.


Cinco ou seis pessoas aguardavam as portas serem abertas para resolverem seus problemas. Enquanto esperava observei uma senhora, bem vestida, esguia, bonita, roupas claras e um semblante sereno e com ela comecei a conversar, dizendo estar vindo do Mato Grosso do Sul e iria morar em Canoas, pois provisoriamente estava residindo em Pelotas, a minha terra natal.



Naquele ano eu era ainda um jovem de 30 e poucos anos, vastos bigodes negros e ainda tinha cabelos e ela uma senhora de mais de 50 primaveras, muito educada o que me chamou a atenção o que me fez perguntar qual era sua profissão.


Ela, educadíssima, disse que era professora e o assunto estendeu-se até serem abertas as portas, quando perguntei o seu nome e onde ela residia.


Ela educadamente passou às minhas mãos um papel onde havia anotado seu nome e endereço.


Pensei comigo: - Jamais verei essa senhora tão meiga, educada e de fina estampa.


Passaram-se dias, ou até mês, quando em uma certa noite, estando em Porto Alegre providenciando minha mudança para Canoas, ia em uma lotação da Companhia Carris, pois pernoitaria na casa de meus pais e essa lotação me deixaria em frente a casa.


Ao passar pela Avenida Protásio Alves, lembrei-me que aquela simpática senhora morava na Rua Coronel Corte Real, pedi ao motorista parar em uma das estações, quase em frente a essa rua e desci decidido a visitar aquela meiga senhora. Levei a mão à carteira de documentos e ali estava o papel dobradinho com o nome e o endereço.


Ao chegar, pelo interfone identifiquei-me e ela imediatamente desceu para abrir-me a porta do edifício que estava sempre chaveada, e surpresa, alegre e educadamente convidou-me a entrar. 


Ao chegar a seu apartamento, no primeiro andar, encontrei na sala dois jovens, sua sobrinha e seu namorado, ambos com idade entre 19 e 23 anos, que alegremente foram apresentados e entabulamos uma conversa amistosa e civilizada. Era um casalzinho muito bonito.

             Foi no velho Mato Grosso, há muito tempo atrás,
             Naqueles tempos queridos, que não voltam nunca mais..,
 

Falei a eles sobre minhas viagens pelo Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná...


Nesse momento ela educadamente perguntou se eu conhecia bem o Paraná. Eu respondi que sim, pois conhecia quase todos os Municípios daquele Estado.


Ela então disse que tinha um irmão que morava no Paraná.


Neste momento, não sei por que, interrompi e perguntei a educada senhora:

- Aquele que está sendo ameaçado de morte?

Silêncio total naquela sala, os jovenzinhos enamorados entreolharam-se e ela perguntou estarrecida, como eu sabia?


- Não sei! – Respondi – Mas sei quem são os homens que estão ameaçando o teu irmão.


Eu a conhecia pouquíssimo, não conhecia o seu irmão, mas fleches em minha memória, mostravam as imagens de dois desafetos.


Disse então a ela:


- Um deles é um homem gordo, cara de índio, imberbe, vive com a camisa desabotoada e tem uma enorme e profunda cicatriz na barriga, que desce pelo lado esquerdo do umbigo e vai quase até a virilha direita e o outro é um sujeito magro, rosto chupado por falta de dentes, tem os cabelos crespos grisalhos e barba rala e também grisalha.


Ela, num pulo pôs-se em pé, abriu a porta de seu apartamento e saiu ligeiro, sendo seguida pela sobrinha.


Sem entender fiquei naquela sala conversando com o rapaz, tenso e incrédulo.


Minutos depois ela voltou com a sobrinha. A menina sentou no sofá, com as mãos entre os joelhos, ao lado do namorado e ficou pasma me olhando, enquanto que essa senhora sentou-se em uma poltrona amarela e ficou serena e intrigada, olhando-me.


Perguntei-lhe então, o que havia acontecido e ela, incrédula, disse que fora ao apartamento de uma vizinha telefonar para o irmão do Paraná, já que naquela época não possuía telefone e que esse havia confirmado tudo o que eu dissera.


Quis saber mais coisas e eu disse que isto acontece não é quando a gente quer, acontece espontaneamente e eu não saberia dizer por quê.  São fleches que ocorrem comigo nos mais variados momentos e a eles contei outros casos semelhantes, como o caso da morte de Silvinho, o atropelamento em Dourados, o carro desgovernado, o acidente com o motociclista, a morte de Juca, dono do Hotel Iguaçu em Campo Grande, o caso do Cabo Rancheiro, o Soldado que me acordou e outros fatos que com minutos, dias ou anos de antecedência que vieram acontecer.


Após tomar um belo café com aquelas três amáveis pessoas, despedi-me dizendo que iria pernoitar na casa de meus pais e o jovem aproveitou que eu iria sair e despediu-se da namorada e da tia e comigo iria sair.

À porta do apartamento a gentil senhora disse que desceria as escadas para abrir a porta do edifício, e eu comentei que a porta não estava chaveada.


Não, retrucou a amável professora, esta porta está sempre fechada, todos do prédio chaveiam a porta ao entrar e ao sair.


A sobrinha resolveu ir junto ao namorado até à porta de saída despedir-se mais uma vez do jovem e certificar-se do que eu havia vaticinado quanto à porta. No momento em que a professora pegava sua chave para abrir a porta, antecipei-me e girei a maçaneta e a porta estava realmente aberta.


Mais uma vez ficaram sem entender.


Nunca mais os vi.


Nuca mais vi aquela educada e serena senhora que tanto me cativou por sua educação esmerada e sua invejável simplicidade e simpatia, mas que nunca saiu de meu bons pensamentos.

Como?

- Não faço a mínima ideia, mas como dizia John Coffey, no filme “À Espera de Um Milagre”, são como cacos de vidros perfurando minha mente.

            John Coffey  - (falecido Michael Clarke Duncan)

Quantas vezes vejo uma amiga saindo do edifício em que mora em Lisboa; quantas vezes vejo um casal de Osório no pátio de sua casa; quantas vezes vejo meu amigo Manoel, que reside em Albatroz saindo pelo portão de sua casa ou sentado à varanda; quantas vezes vejo certos “parentes” em suas residências; quantas vezes vejo coisas que vão acontecer em diferentes partes do mundo. 


Quantas vezes...



A maioria das pessoas é incapaz de compreender as forças que vêm da Terra o do próprio Universo, porém os animais, ditos irracionais têm essa capacidade mui desenvolvida, pois conseguem detectar muitos desastres naturais com antecedência, mas essa maioria esmagadora dos seres humanos perdeu essa sensibilidade. Essas forças naturais são pelas ciências chamadas de Energias Telúricas, que nada tem a ver com religiões, deuses ou demônios, mas nos conectam com diferentes coisas e indivíduos, cuja Física Quântica, ainda engatinhando, tenta explicar essas interações que estão entre nós, basta nos religarmos a natureza. E esta está chegando a um ponto crítico, destruída pelo imediatismo e irresponsabilidade humana. Cada experiência atômica modifica essa interação e levará a humanidade ao extermínio.


Não reclamem depois.


O “depois” não haverá volta.



6 comentários:

  1. Olá, meu querido piazito!

    Já li esse teu post, mas ainda o não "devorei" -rs, portanto não o irei comentar essa noite. De acordo?

    Qto ao destrinçar, que aí não é um verbo usado, estive consultando o dicionário e o que li: destrinçar significa o mesmo que destrinchar, sendo este a variante brasileira, k nem existe no Português de Portugal. Destrinçar para nós é diferenciar com minúcia e para vocês se aplica ao nosso trinchar, ou seja, partir, separar a carne ou o peixe em bocados.
    Resumindo: destrinchar - separar, desenlear para vocês.
    Destrinçar - diferenciar, pormenorizadamente, algo.

    Beijinhos, beijinhos, meu "bruxinho" (risos) bom e lindo!

    Boa semana!

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    1. Olá Cielito.
      Sempre de acordo!
      Realmente o verbo regular, destrinchar é uma coisa brasileiríssima e tem como sinônimos esmiuçar, despedaçar, detalhar, resolver, destrinçar (não usado por aqui). Vivendo e aprendendo com teus belos e embasados comentários.
      Boa noite e bons sonhos.
      Aqui parece-me que teremos uma noite com rajadas de ventos e provavelmente, chuva. De minha ventana não vejo nenhuma estrelinha.

      Beijos.

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  2. Olá, meu querido!

    Espero k tu e todos os teus estejam bem, com saúde e felizes. Por aqui, tudo dentro dos conformes, embora hoje tivesse havido nevoeiro matinal, k é uma coisa de k não gosto. Me lembra logo o rei português, D. Sebastião, o "Desejado", que desapareceu na batalha de Alcácer Quibir e dizem os "eruditos" -risos, k ele há de voltar numa manhã de nevoeiro, tb -risos. Ai, a Idade Média instalada na mente e na vida de alguns. Como lamento!

    Eu toda contemporânea, "atrevidona" e com um blogue de poesia sensual e erótica, enfim, um "antro de perdição" -RISOSSSSSSS.

    Gosto de luz, claridade, clarividência, espontaneidade, sinceridade e modernidade sadia.

    Já tinha lido esse teu post, mas há pouquinho, o li com toda atenção, k me merecem tuas sábias e eloquentes palavras. Não escreves, desse jeito, para te evidenciares, não, escreves, desse jeito, pke tens sabedoria, és modesto e mto inteligente e amas o teu semelhante, acima de tudo.

    Que história interessante essa! Pena que nem todas as professoras sejam como essa educada e delicada senhora, com quem te cruzaste, casualmente.
    Depois, o facto de teres de pernoitar em casa de teus pais, fez o resto, pke passaste pertinho da rua onde morava a referida senhora e então decidiste ir visitá-la. Agradável conversa tiveram, tu, a senhora, sobrinha e namorado desta, but----- teu cérebro estava recebendo "ondas magnéticas" (poderei chamar assim?) e estavas vendo toda a cena, k estava acontecendo com o irmão da Professora. Compreendo a preocupação dela, e por isso foi telefonar para saber do k estava acontecendo com ele. Infelizmente, tudo o k tu estavas vendo, era verdade e nada a fazer.

    A porta, que estava sempre chaveada foi outra situação, que tu previste e que se concretizou. Há mentes fantásticas, de facto, e a tua é uma delas. Creio que tua grande, tua enorme inteligência é fator, que mto ajuda essa situação.

    E essas coisas sempre aconteceram contigo desde nené e não se pode pensar k é tua experiência e currículo, k te fazem sentir essas situações. Sempre assim foste, na realidade e continuarás sendo.

    Hoje, qdo estava saindo (por volta das 08:00) do edifício onde vivo, uma torre de 9 andares/pisos (eu moro no 5º), me lembrei de ti, logo bem cedinho, mas aí eram 4 da manhã e tu mto provavelmente estarias dormindo.

    O que os humanos fazem à natureza é inconcebível, mas, um dia desses, "se vira o feitiço contra o feiticeiro".

    Gros bisous, chèri et une bonne nuit.

    PS: ainda não li teu post de hoje, mas fala de dança, né? Bora lá, Pedrito! Ora, pega minha mão -rsrs e vamos lá!

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    1. Olá!
      Sempre um olá alegre, pois o prazer em receber-te em meu espaço é muito grande.
      Ontem, aqui no Brasil, já passava minutinhos da meia-noite, quando fui para o berço, portanto aí já era madrugada alta e somente agora, encontro com alegria o teu comentário e de pronto vou te informando que por aqui todos estão bem, todos com saúde e esperanças. Apesar que, alguns desta Blogosfera tentem me tirar do sério, porém é coisa passageira e a vida segue seu curso normal. Interessante é o caso do Rei Sebastião, para os íntimos Bastião, pois quando ele morreu conta a história que seus cavalarianos heroicamente arremeteram contra os “infiéis”. Infiéis a quem? Dirá um católico: Infiéis a deus. Aí vamos ao infinito, pois se Alá também é deus, então seriam os cristãos os infiéis. Por outro lado Dom Sebastião é muito citado em Guerras Brasileiras, como a de Canudos e a do Contestado, ocorridas em locais e datas diferentes, mas carregando no bojo o mesmo sentimento, que Dom Sebastião, apareceria em uma também manhã enevoada e salvaria a República do Brasil. Não consigo entender. Haja poder nas mãos de Dom Sebastião. Saibas que ambas as “guerras” quem verdadeiramente deu fim a elas foram tropas Gaúchas. Canudos, na Bahia, o Exército Republicano havia fracassado três vezes, aí então convocaram a Gauchada e foi como atirar quirera pra pinto, se pilcharam e passaram no fio da adaga aquele pobre povo dominado pelas crendices de Antônio Conselheiro. Depois houve a Guerra do Contestado, também com forte conotação messiânica, uma disputa entre Santa Catarina e Paraná, foi sufocada quando a Gauchada, chegando lá, passou da dar um colar de sangue, não importando a quem, se de um lado ou de outro, mas acabou com o tal entrevero.
      Gosto de teu blogue por ser dessa maneira, contemporânea, atrevidona, sensual e é um “paraíso” de perdição, pois para mim os “antros” de perdição são essas igrejas e templos que transpiram tudo o que há de ruim e mantém o povo atrelado a crendices de Idade Média. Como tu, gosto de luz, claridade, dia com o Sol radiante, da modernidade, pois quem gosta de escuridão, de ambientes claustrofóbicos são aqueles, que em suas mentes distorcidas vivem pregando um mundo irreal, cheios de crendices toscas, que os amordaça.
      Realmente, essa professora, que espero que ainda viva com saúde e alegria, foi para mim uma das pessoas que, mesmo efemeramente conheci, mas dela guardo boas recordações que continuam guardadas em uma gavetinha de meu coração. Tenho seguidamente esses momentos, esses lampejos premonitórios, que para uma grande parcela é um assunto proibido e cheio de superstições.
      Preocupa-me muito que a humanidade esteja trilhando esse callejón sin salida, pois estamos chegando a um ponto crítico e sem volta e a natureza será implacável.
      Mil beijos e desculpe o desabafo que fiz, pois há pessoas que são negativas, ardilosas e até confusas, mas que gostam de atormentar o semelhante. Se bem que isso não pode ser considerado semelhante.
      Publicarei a seguir outro post incrível, espero que gostes.
      Grande beijo minha querida amiga e que a paz te acompanhe.

      - QUIRERA - ou quirela é uma palavra brasileira de origem Tupi e significa milho quebradinho para alimentar aves, muitos usam também para o arroz quebrado ou outros grãos.
      - ENTREVERO - choque de cavalaria, briga, confusão, guerra e ou... Um delicioso prato típico dos Gaúchos. Nossa! Que coisa boa.

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  3. Eu imagino a professora diante dos teus acertos, tão acertados. Até a porta aberta, não escapou. E todos foram juntinhos, para constatar e constataram, tu estavas certo!

    Portanto, presto muita atenção nas tuas falas sobre o 'mito', sabes em de quem estou falando.

    Abraços para Sandrinha e para você!

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    1. Professor Pedro A. C. Teixeira29 de novembro de 2018 18:03

      Oi prezada amiga Maria.
      Conto esses meus "causos" para que não caiam no esquecimento e também para desmistificar esse assunto, para alguns de cunho satânico. Ignorantes que vivem ainda na idade média e não conseguem entender nossa interação com o mundo, com a natureza, com o Universo. Interação esta para mim, muito corriqueira, principalmente na minha juventude e amadurecimento, já, hoje são mais esparsas, mas continuo a tê-las. Como sabes, não creio nesse deus judáico-islâmico-cristão, muito menos em um diabo ou seres dessa natureza. O homem perdeu essa capacidade comum entre os animais irracionais, mas um dia teremos uma sólida explicação de como esses fenômenos ocorrem dentro de nossa mente.
      Desejo a ti, a Dom Luiz e à Marianinha, muita saúde e paz.
      Abraços.
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