Pelotas - Sem Panos Quentes – 2

Continuando o triste desabafo.

Em 26 de abril deste ano, publiquei um post com o título “Viagem Rápida”, no qual inseri algumas fotos.

Havia prometido a meu filho caçula Fábio, que nasceu quase que por acaso em Pelotas, que o levaria à sua cidade natal, a qual conhecia de adolescente, onde estivera a passeio e à minha nora Grasiela, que não conhecia tal “metrópole”.

             Fábrica da GM em Gravataí - RS

Ambos ficaram decepcionados, extremamente decepcionados. Ainda bem que a viagem se estendeu até o Uruguai o que amenizou esta terrível experiência. Afinal moram em Gravataí, a cidade que mais cresce no Estado, com suas amplas avenidas, Shopping de fazer inveja, indústrias e a cada ida à Gravataí me deparo com um novo Bairro, lindo, arborizado, ensolarado e nada úmido.

Já Pelotas inicia sua história em 1758, quando o General Gomes Freire de Andrade, Conde de Bobadela, doou essas terras ao Coronel Thomaz Luiz Osório. Em 1763 muitos rio-grandinos ou papa-areias, como são conhecidos em Pelotas, fugindo apavorados diante da invasão espanhola da vila de Rio Grande chegando às terras hoje pertencentes ao Município e também aí chegaram, em 1777, muitos portugueses retirantes de la Colónia del Sacramiento no Uruguai, na época conhecido ainda como Banda Oriental.

                 Charqueadas em Pelotas

Em 7 de junho de 1812 é finalmente elevada de vila à cidade. 

O Uruguai passou a ser uma Província Luso-Brasileira em 1816. Com a Independência do Brasil em 1822 a Província continuou sob o controle do Brasil com o nome de Província Cisplatina, que através do Tratado do Rio de Janeiro de 1828 foi lhe dada a Independência, tornando-o num Estado tampão entre brasileiros e argentinos, mais precisamente por causa da proximidade de Bueno Aires que poderia ser alcançada pela artilharia brasileira. Porém o Brasil avançou sobre a Banda Oriental, ao Sul, levando suas fronteiras até o Arroio Xuí ou Chuí, no extremo Sul e até o Rio Quaraí a Sudoeste.

Uruguai, podemos traduzir como Rio das Aves Coloridas.

Pelotas no Século XIX começava a tornar-se uma cidade cosmopolita, a iniciar pelas charqueadas, pois no Século anterior, mais precisamente em 1780 o português José Pinto Martins, vindo do Ceará estabeleceu sua charqueada e incentivou o estabelecimento de outras.

Nesse mesmo Século, começaram a pipocar na cidade várias indústrias. Cerâmicas, Cervejarias, Tecidos, Sabões, Vidros, Velas entre outras, tornando Pelotas na cidade mais desenvolvida da Província e depois Estado do Rio Grande do Sul, porém esse progresso vai, conforme o Século XX passava, terminando a áurea fase de minha cidade. O Porto que antes abrigava inúmeras embarcações ficou apenas um cais vazio e melancólico, aonde muitos nas tardes quentes do verão, vão tomar seu chimarrão e olhar bucolicamente para o Canal de São Gonçalo.

             Carnaval em Uruguaiana.

Porém o que sobrevive no meio dessa visível decadência é a empáfia de muitos que acham puerilmente, que a cidade vive da cultura e tem a soberba de dizer isto, sem ao menos visitar o outrora chique Teatro 7 de abril. Quem participa dessas atividades são alguns intelectuais, alguns intelectualóides e uma classe média, cuja grande maioria trata-se dessa classe média decadente, pois o povão não vai a teatro. O que o povão gosta é de futebol e carnaval, que por sinal perdeu o seu esplendor, sendo verdadeiramente massacrado pelo carnaval de Uruguaiana.

Esses que   tanto falam em cultura (tenho um em especial) todos metidos a intelectuais tentam e só sabem falar em cultura pra cá e cultura pra lá, mas se perguntares a Ópera que ele admira ou conhece e isto serve para todos, responderá que é a – “Carmen de Bizet”. Podes ter a certeza de quem dá esta resposta não passa de um total ignorante nessa área, pois é a única coisa que sabem, pois desconhecem La Traviata, Rigoletto, Otello, La Belle Helène, entre tantas outras, sem falar em Così Fan Tutte.

             Grupo Tholl de Pelotas. Maravilhoso.

Sobra em Pelotas o nacionalmente imbatível Grupo Tholl, que hoje ocupa um galpão perto da Baixada Rubra, porém por muito tempo por não ter um prédio próprio, como me parece que ainda não tem, vivia sendo jogado de um lado para outro feito mala de louco.

Foram-se os anéis, mas os dedos sonhadores continuam a bailar e bailar, no escuro e sem muita coordenação na esperança de fazerem brilhar as joias não mais existentes.

          A lo largo do Mercado Público de Pelotas, nota-se o descaso 

       com o  prédio  histórico ao  fundo,  vegetação tomando conta 

                do  telhado e falta-lhe parte da bela cúpula. 

Pelotas degringolou e é sempre a mesma coisa. Aos domingos, tristes e sem opção de lazer, os automóveis que nos anos 50 circulavam como num imenso carrossel em torno da Praça Coronel Pedro Osório, em demonstração de poder, hoje como são muitíssimos desfilam as tardes inteiras pela Avenida Bento Gonçalves, numa pasmaceira incrível, pois a cidade pouco tem a oferecer como diversão, a não ser quando há algum jogo na baixada e a torcida rubro-negra invade eufórica o Estádio Bento Freitas. Muitos vão para o Shopping, coisa acanhada. Coisa acanhada não, acanhadíssima, que Pelotas merecia algo melhor, mais moderno e maior, ou então, como é de praxe, mas também de uma quase infantilidade ficam rodando seus automóveis, indo e vindo, pateticamente pela Avenida da Praia do Laranjal.

Lembrando que Canoas inaugurou em 24 de novembro passado o seu segundo Shopping, o mais moderno do Brasil, com três andares, mais de 68 mil metros quadrados, numa área total de 136 mil metros quadrado, 296 lojas, um imenso supermercado e com pista olímpica de patinação no gelo que funcionará o ano inteiro, sendo a maior do Brasil e contando com sete salas de projeção, com uma praça de alimentação finíssima, com um telão de 60 metros, 5 mil metros de diversões eletrônicas, tudo a um custo de 750 milhões de reais e em breve será servido pelo Aeromóvel, cujas obras vão lentas, mas trará uma moderníssima forma de transporte à cidade. Esse Shopping é ligado ao moderno Parque Getúlio Vargas, que recebeu 14 milhões de reais em investimentos, (tudo isto feito pelo Governo passado, cabendo aos Golpistas apenas inaugurar), com suas águas dançantes, labirinto e outras formas de diversão, ligado ao Shopping por uma moderna passarela que passa por cima de seis pistas da Avenida Farroupilha, moderna, nova e espaçosa, tendo ao centro uma excelente ciclovia.

             Canoas Park Shopping e Parque Getúlio Vagas.

Lembrando que esse moderno Shopping conta com 4.160 placas de energia fotovoltaicas, sendo o maior parque de energia solar do tipo, na América do Sul.

              Canoas Park Shopping

Quanto ao parque industrial de Canoas é coisa de fazer inveja, pois seu PIB é três vezes superior ao de Pelotas, minha terra natal, que aparece em oitavo lugar, atrás de Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, Rio Grande, Gravataí, Passo Fundo e Novo Hamburgo. Triunfo está chegando lá e logo passará de Pelotas, assim como Santa Cruz do Sul, que vem cabeça a cabeça com Triunfo com o PIB na casa dos quase cinco bilhões de reais.

                  Canoas Park Shopping

E o antigo Shopping de Canoas?

                 Canoas Shopping Centro.

O antigo, inaugurado ainda no Século passado, conta com dois andares e em uma parte há um andar intermediário, foi todo remodelado em sua fachada e internamente, possuindo um edifício garagem para mais de mil automóveis além de vastíssimo estacionamento fechado a seu redor, entre duas importantes Estações do Metrô de Superfície, que será rebaixado no centro de Canoas, conhecido como Trensurb. Há nesse maravilhoso espaço um grande e movimentado Supermercado.

             Assim ficará o novíssimo Canoas Park Shopping, quando

                            estiver pronta a linha do Aeromóvel. Baba meu.

Lamento que minha cidade ainda tenha essa mentalidade provinciana, cujo medo de investir, cuja estreiteza de horizontes empresariais a torne numa cidade cinzenta e triste, de coisinhas pequenas e sem perspectivas, aonde para muitos a diversão disponível é ainda ficar nas janelas junto às calçadas admirando a vida passar. Só que esta vida não tem volta e se esvai, mas continuam os pelobetos achando que esta é uma cidade suprassumo.

Acorda Pelotas.

              Canoas com os pés no futuro .

    

Estou vendo uma velha senhora de Pelotas, apertando os polegares dentro das mãos fechadas me excomungando. 

Fazer o quê?

O verdadeiro cego é aquele que não quer ver.

Canoas é muito mais e quem passa somente pela BR, acha que Canoas é aquela tripa de edifício, indústrias e casas ao longo desta BR, porém não sabem que Canoas se espraia por quilômetros nos dois lados desta rodovia, aonde vamos encontrar bairros moderno e amplos, contando com três hospitais, Parques Industriais e muitas coisas bonitas para se ver.

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